Ínicio

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Caixa de memórias

Hoje imaginei como seria minha caixa de memórias. 

Senti o cheiro do bolo assando no forno, lembrei das conversas e risadas que marcavam os encontros à mesa. Senti o piso frio do quintal sob os meus pés, o cheiro das rosas do jardim, também das roupas estendidas no varal. Ouvi, por um instante, a música do Roberto Carlos tocando na rádio enquanto minha mãe preparava o café. Lembrei do caminho até a escola, do lanche simples na mochila, das aulas de educação artística. Lembrei dos muitos aniversários comemorados com bolo de cenoura.

Hoje lembrei das amigas de infância, das tardes dedicadas às tarefas de escola e às brincadeiras que eram tão nossas. Das roupinhas criadas para as bonecas com os restos de tecidos das costuras da minha mãe, da casinha "de mentirinha" montada no beiral da janela, das vezes em que peguei os sapatos de salto alto da irmã para brincar de ser gente grande. Lembrei das infinitas profissões que imaginei exercer um dia e também da mais inusitada: empacotadora! 


Lembrei dos tombos de bicicleta, da primeira vez no cinema para assistir E.T., do corte de cabelo estilo Chitãozinho & Xororó. Lembrei do meu trabalho em uma escolinha com apenas 14 anos, do varalzinho criado para expor os desenhos do pequenos alunos, do perfume Tati e da novela Barriga de Aluguel. Lembrei também das amigas do colegial, dos nossos encontros regados à uma alegria contagiante capaz de nos fazer esquecer das inquietudes que nos assombravam, do amor não correspondido, das incertezas com relação ao futuro. Lembrei dos trabalhos manuais, das tentativas da minha avó de ensinar-me crochê, da capa de fichário decorada com recortes de revistas. 

Nesta tarde senti uma imensa gratidão pelas pessoas que passaram pela minha vida. Das que já se foram, das que chegaram e das que estão por perto. Lembrei das pessoas com quem aprendi muito. Lembrei das aventuras vividas, dos encontros incríveis, de tanta gente linda. Sou meus filhos, sou meus amigos, sou família. E também sou gente. 


Somos o que vivemos. Somos o que aprendemos. Somos memórias. 

Sou a menina com a unha pintada, maria-chiquinha no cabelo, mãos na cintura, chinelos de dedo no pé e sorriso banguelo. Sou aquela criança doce, a adolescente rebelde, a jovem determinada. Sou ser humano de carne e osso com um pacote de emoções dentro do peito. Sou certeza e também medo. 

Sou as conchas recolhidas no vai-e-vem das ondas. Sou sol, sou terra, sou mar. Sou os lugares que conheci, as culturas que descobri, os ares que respirei. Sou as experiências que vivi, as recordações que guardei, as malas que arrumei, as incertezas às quais me entreguei. Vento, sol, calor, frio, neve. Sou o tempo, sou o espaço, dentro e fora de mim.

Sou cores, caminhos, descobertas e aprendizados. Sou dor, flor, sou saudade e lágrima. Sou afeto, pequenezas, sou abraço. Sou doçura e fúria. Sou calmaria e tempestade. Sou mãe, mulher, filha, amiga e guerreira. Sou muitas e muitas versões de mim mesma. 

Sou tudo isso e um pouco mais... 
Sou inteira. Sou intensa. Sou alma. Sou EU.


Agora me conta: quais são suas memórias? Que emoções, histórias e lembranças colocaria numa caixa? 
Pense. Relembre. Reviva. Permita-se esse tempo. Dê esse presente à você mesmo(a). 

Somos o que vivemos.
Somos o que aprendemos.
Somos memórias. 

2 comentários:

  1. Que delicia de viagem no tempo. Me identifiquei muito com suas emoções e lembranças. Você é uma excelente contadora de histórias.

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  2. Fico feliz que o post tenha te tocado de alguma forma. Essas nossas memórias são realmente incríveis e dizem muito sobre nós mesmas e o que de fato importa pra gente. Muito obrigada pelas palavras; elas são sempre um incentivo para continuar acreditando no meu propósito... E vem coisa linda por aí!! Logo mais te conto detalhes!! Beijos

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